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Rio Samburá e conservação

Samburá é uma palavra do vocabulário tupi (samu’ra e significa pau enroscado), sendo comumente conhecido como cesto de cipó ou taquara, bojudo e de boca estreita, usado pelos pescadores para carregar iscas, peixes e apetrechos de pesca.

A nascente do rio Samburá está localizada no Planalto de Araxá, mais precisamente na Serra d’Água, pertencente ao município de Medeiros, afastada aproximadamente 22 km dos limites do Parque Nacional da Serra da Canastra. Trata-se de uma área particular que, como boa parte do território municipal, é destinada à agropecuária, como pastagens para gado e plantações. Uma placa ali instalada, diz: Nascente geográfica do rio São Francisco/Samburá: preservar é saber que haverá futuro para sonhar.

O estudo da Codevasf que ressignificou a nascente de um dos principais rios brasileiros e motivou a instalação da placa no local ainda não se desdobrou em políticas públicas por parte dos órgãos ambientais, tampouco foi incorporado ao ordenamento territorial da região.

Em 2017, contudo, o projeto de lei nº 6.905/10 que instituiu o Monumento Natural do rio Samburá, com o objetivo de proteger a nascente e integrar 9.356 hectares³ ao mosaico de unidades de conservação da Serra da Canastra, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.

Para os autores do PL, o argumento fundamental para a escolha da categoria Monumento Natural seria o de conciliar a moradia e o desenvolvimento de atividades econômicas à conservação da área sem a necessidade de desapropriações.

Resiliente e perseverante, o rio Samburá supera os desafios da cabeceira, os imbróglios sobre a conservação de sua nascente e segue a incorporar afluentes, somar volume e tomar seu caminho. Até chegar à confluência com o rio São Francisco, o Samburá corre estreito entre poços e corredeiras, margeado por paredões, num longo cânion.

Nascentes, córregos e cachoeiras brotam e escorrem pelas fendas, cavernas se escondem entre os grandes paredões de calcário em uma região ainda bem preservada, especialmente pelas matas ciliares. Pequenas praias se formam nas curvas do rio, pouso de muitos barcos e pescadores, atraídos por fascinantes peixes, como o curimbatá e o dourado.