Foi no século XVII que os bandeirantes, fascinados pela majestosa cachoeira Casca d’Anta, do alto dos seus 186 metros, deliberaram e batizaram o curso principal do rio São Francisco como aquele que partia da Serra da Canastra. A maior queda do Velho Chico de fato impressiona. O desenho das montanhas recortadas pelo rio, a potência das águas cristalinas, o verde que se forma por entre as rochas e o belo e grande poço na parte baixa emolduram este que até hoje é um dos principais símbolos do estado de Minas Gerais.
A aproximadamente 14 quilômetros da queda, a montante, estão as nascentes do curso d’água, tidas hoje como a nascente histórica do rio São Francisco.
A verdade é que a Serra da Canastra vai muito além da Casca D’Anta. São centenas de outras cachoeiras, rios volumosos com vastas corredeiras que se formam no coração do Cerrado mineiro compreendendo dez municípios: São Roque de Minas, Vargem Bonita, Sacramento, Delfinópolis, Piumhi, São João Batista do Glória, Capitólio, Araxá, Tapira e Medeiros.
A região mais importante da Canastra é a área de 90 mil hectares já regularizada do Parque Nacional, criado em 1972 para proteger as nascentes do rio São Francisco. A unidade de conservação reúne dois maciços: a Serra da Canastra e a Serra da Babilônia, com o Vale dos Cândidos no meio, somando uma área total de 200 mil hectares.
Outra marca da região é o queijo Canastra, feito tradicionalmente como há mais de 200 anos. Antigamente, era produzido apenas para o sustento das famílias e, aos poucos, começou a ser vendido em outros vilarejos próximos. Para não amassar, o queijo só podia viajar com mais de 30 dias de cura, quando já estava mais firme e amarelado. É por isso que o tradicional canastra ficou conhecido por ter uma casca amarela por fora e por ser macio por dentro. O queijo da Canastra ficou tão famoso, que seu modo de produção é reconhecido, desde 2009, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural imaterial brasileiro.